Revanche e penta para o Brasil
© Getty Images
Oito anos depois da festa nos Emirados Árabes Unidos, o Brasil voltou a comemorar um título na Copa do Mundo Sub-20 da FIFA. E mais: vinte anos depois da derrota nos pênaltis para Portugal, a equipe conseguiu sua revanche, vencendo a complicada final em Bogotá por 3 a 2, com um gol de Oscar já no segundo tempo da prorrogação. Agora, a Seleção é pentacampeã mundial tanto na categoria principal como na Sub-20, ficando a apenas uma taça da Argentina.
Para Portugal, que iniciou a campanha sem brilho, o tricampeonato esteve até perto, já que liderava o placar até os 33 minutos do segundo tempo, também quando Oscar empatou. Como consolo, fica a enorme força mostrada pela defesa e o recorde atingido por Mika, que se tornou o goleiro com a maior invencibilidade da história da competição, com 575 minutos.
Primeiro tempo
Se o Brasil entrava com a formação básica das últimas partidas, Portugal vinha a campo com o reforço do camisa 10 Saná, suspenso na semifinal. E também esperava seguir sem ser vazado por mais 19 minutos, tempo necessário para superar o recorde de 634 minutos do Brasil sem levar gols. No entanto, logo aos cinco minutos, a invencibilidade caiu por terra. Em cobrança de falta da intermediária de Oscar, atacantes e zagueiros trombaram pelo alto e a bola passou direto, surpreendendo Mika pela primeira vez na Colômbia.
O futebol mais ofensivo do Brasil colhia seus frutos, mas Portugal respondeu de cara e com precisão cirúrgica. Nélson Oliveira recebeu pela direita, avançou com rapidez até a linha de fundo e cruzou rasteiro, na medida para Alex se antecipar e completar para o gol. Com o empate antes do décimo minuto, o jogo esquentou. Logo em seguida, o Brasil quase voltou a liderar: Philippe Coutinho cruzou, Roderick desviou para trás e a bola quicou em cima da linha e depois na trave, com Mika salvando no limite.
Ainda antes dos 20 minutos, Sergio Oliveira cobrou falta perigosa pela esquerda, enquanto, do outro lado, Willian José perdeu chance após receber de Henrique dentro da área e disparar para defesa em dois tempos de Mika. Apesar de ver a Seleção com maior posse de bola, Portugal também mostrava lucidez no ataque, principalmente com Saná, comandante do meio de campo, e Nélson Oliveira. Antes do apito final, o atacante assustou em dois lances seguidos: no primeiro, recebeu na área e perdeu a dividida com Gabriel; no segundo, quase na marca do pênalti, girou bem entre os zagueiros e chutou pelo alto.
Segundo tempo
Insatisfeito com a marcação, Ney Franco promoveu mudanças na volta do intervalo: Negueba e Allan entraram, Danilo passou para o meio, Juan para a lateral esquerda e Casemiro para a zaga. Mas quem teve a primeira chance foi a Equipe das Quinas, com Sergio Oliveira arrematando da entrada da área com perigo. Portugal se fechava bem na defesa e saía com perigo nos contra-ataques. Foi assim que conseguiu o segundo gol, em uma jogada improvável, iniciada com um chutão da defesa que achou Nélson Oliveira pela direita, quase no meio do campo. Inteligente, o camisa 7 avançou pela lateral, entrou na área e disparou quase sem ângulo, contando com a ajuda de Gabriel para virar o placar.
Logo após o gol, o técnico Ney Franco sacou Philippe Coutinho e pôs Dudu pela esquerda, mas o Brasil continuava sem a força ofensiva que tanto o caracterizou. Enquanto isso, Nélson Oliveira infernizava pela direita, driblando os zagueiros e ganhando tempo com boas arrancadas. Ou também recebendo lançamentos precisos, como aos 27, quando invadiu a área pela direita, tentou o corte para o meio, mas acabou prensado na hora de chutar, desperdiçando grande chance.
O jogo seguia truncado, com certo nervosismo e com os lusos levando a melhor atrás. Ainda assim, o Brasil conseguiu empatar aos 33, após bom lance individual de Dudu, que recebeu pela esquerda, driblou Pelé e chutou. No rebote de Mika, Oscar foi mais rápido e empurrou para as redes. Com o placar igualado, a Seleção foi para cima e iniciou forte pressão, sempre com Dudu ou em chute de Fernando, que Mika defendeu no meio do gol. Ao final do tempo normal, os portugueses assustaram com Júlio Alves, que driblou como quis no meio da área até ser prensado, e Sergio Oliveira, que cruzou para o meio para a chegada de Caetano, segundos atrasados.
Prorrogação
O cansaço já começava a preocupar as duas equipes, mas ainda assim o tempo extra começou quente, com Portugal tendo incrível oportunidade para voltar a ficar à frente. No contra-ataque, o baixinho Caetano recebeu sozinho, avançou como quis, mas tentou tocar por cima de Gabriel, que fechou bem e salvou o Brasil. O troco veio somente no último minuto, quando Danilo entrou pelo meio da zaga e disparou com força para defesa em dois tempos de Mika.
O segundo tempo veio e, com ele, o lance que mudou a história da final. De forma despretensiosa pela direita, Oscar encarou a marcação, tentou o cruzamento e a bola encobriu caprichosamente Mika, que caiu desolado ao ver a bola entrar. Mesmo sem querer, a festa foi grande, com o herói Oscar marcando pela terceira vez na decisão. Até o final, foi na base do sufoco, na garra, com Henrique perdendo um gol feito, cara a cara com Mika, mas com o Brasil fazendo a festa por último no El Campín.