
- Seleção de boliche brasileira para o Pan-Americano 2011: Márcio Vieira, Stephanie Martins, Marizete Scheer e Marcelo Suartz (da esquerda p/ a direita)
“É verdade, as pessoas tem essa imagem do Fred Flintstone, que é mais do meu tempo. Eu sou ‘burro velho’”, brinca Márcio, veterano de 57 anos, o mais velho da equipe. Empresário e jogador, ele divide a rotina de trabalho com a de treinos, mas sabe bem sua preferência. “Quatro vezes por semana eu tenho de jogar boliche, se a profissão atrapalhar, azar o dela!”.
Mesmo em um local com tamanha dedicação ao boliche, Marcelo entrou justamente no primeiro ano de treinos, num momento em que a modalidade enfrentava preconceito internamente. “Vocês vão deslocar dinheiro do futebol americano para boliche?”, questionavam os estudantes.
Ainda assim, a estrutura foi montada, virando referência mundial. “Boliche é muito difícil, até mais que o golfe. É muito técnico, tem detalhes que ninguém imagina, como o tipo de óleo na pista. Então, trabalhamos com um programa que mede aspectos como a velocidade e o ângulo que a bola sai da sua mãe e que bate nos pinos. Isso ajuda a saber em que ponto você começa a melhorar seu jogo”, explica Suartz, que concorre a prêmio de melhor jogador da temporada universitária.
O brasileiro ainda não sabe se fará do boliche sua profissão, mas comemora poder escolher. “Todo mundo precisa estudar. Independentemente do esporte é necessário ter um diploma. Mas tenho a opção de ficar no boliche. Não se ganha como no golfe, mas dá para ter uma renda bem sólido com os grandes torneios profissionais no mundo todo”, explicou.
“Marcelo e Stephanie são a prova viva que pode se usufruir de vantagens pelo esporte. Eles tem benefícios, estão se formando profissionalmente e podem ir adiante nisso”, completou Márcio.
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A história de Marcelo Schuartz no boliche começou antes mesmo de estar no ventre de sua mãe. Seus pais se conheceram jogando e influenciaram o garoto a brincar. O gosto pegou e ele faz faculdade nos EUA, pela qual disputa disputa campeonatos universitários. Apesar do apoio, a rotina não é das mais fáceis na cidade de Babson Park. Ele tem de combinar os treinos com os estudos de marketing, um estágio e o trabalho em uma academia. Mas a confiança está em alta. "Esta edição do Pan deve ser a mais forte, mas dá para ganhar, com certeza. É questão de preparação." | Aos 57 anos, Márcio Vieira não é apenas um jogador, mas acabou se transformando em um estudioso do boliche. Quando ele superou o preconceito e passou a encarar com seriedade o esporte, foi para o exterior e passou por cursos específicos de boliche. Em um deles, no ano de 2008, Vieira ganhou o título de pós-graduado. Fundador da Confederação Brasileira, ele também teve outra função fora de quadra: aprendeu a furar as bolas. Isto porque na compra elas vem "fechadas" e são furadas para se adaptar à mão do jogador - portanto, não são usadas por mais de um atleta. |
Mudando a cabeça dos alunos
Quem também vive do boliche é Marizete Scheer, professora do esporte, além de jogadora. Ela iniciou nas pistas quando foi jogar por diversão. Logo na estreia na modalidade, foi convidada para um torneio amador, o qual ganhou.Com isso, a paranaense criou coragem para se mudar do Mato Grosso, onde morava, para o Rio de Janeiro, em busca de aperfeiçoamento e por aí ficou, buscando uma área dentro do próprio esporte para se manter.
“Eu vejo o boliche como esporte e é uma dificuldade passar esta ideia, mesmo para os meus atletas”, diz Marizete, que tem a dura tarefa de convencer a garotada de que eles podem ir longe na modalidade, como o quarteto tem mostrado, principalmente com o espaço aberto por Marcelo e Stephanie.
Por Maurício Dehò
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